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A Coreia do Sul enfrenta uma das maiores crises políticas de sua história recente após o presidente Yoon Suk Yeol anunciar e, horas depois, revogar um decreto de lei marcial. O episódio ocorreu entre a noite de terça-feira (3) e a madrugada de quarta-feira (4), em Seul. A decisão foi amplamente criticada por parlamentares de oposição e da base governista, intensificando os pedidos de impeachment contra o presidente.
O Contexto do Decreto
Yoon declarou a lei marcial sob a justificativa de proteger o país contra "forças comunistas da Coreia do Norte" e elementos "antiestado". A medida deu plenos poderes às autoridades militares, permitindo prisões sem mandado e o controle de meios de comunicação e editoras. O anúncio ocorreu após confrontos entre manifestantes e forças de segurança na Assembleia Nacional, onde protestos contra o governo ganharam força.
O presidente alegou que a medida era necessária para restaurar a ordem e proteger a democracia liberal, mas não detalhou como as medidas seriam implementadas. A última vez que a Coreia do Sul havia decretado lei marcial foi em 1979, durante um período de ditadura militar.
Reação Parlamentar e Revogação
A decisão de Yoon gerou uma onda de indignação no Parlamento, que rapidamente articulou uma votação para revogar o decreto. Liderada pelo presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-sik, a resolução foi aprovada por unanimidade, com 190 parlamentares votando contra a lei marcial. A pressão política forçou Yoon a revogar a medida e dissolver o comando militar responsável por sua aplicação.
Movimentos pelo Impeachment
Em resposta aos eventos, a oposição apresentou uma moção de impeachment contra Yoon, que será votada nos próximos dias. Para ser aprovada, a proposta precisa de 200 votos favoráveis entre os 300 parlamentares. Caso avance, o caso será julgado pelo Tribunal Constitucional, que exige o apoio de seis dos nove juízes para remover o presidente do cargo.
O ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, renunciou ao cargo, seguido por outros membros do governo, incluindo o chefe de gabinete, o conselheiro de segurança nacional e o diretor de política nacional. Essas demissões sinalizam um governo cada vez mais enfraquecido e fragmentado.
Escândalos e Perda de Popularidade
Desde sua eleição em 2022, Yoon enfrenta baixos índices de aprovação e dificuldade em aprovar leis na Assembleia Nacional, dominada pela oposição. A situação se agravou com uma série de escândalos, incluindo investigações contra sua esposa, acusada de corrupção e tráfico de influência.
A oposição aproveitou a crise para intensificar os esforços de impeachment, não apenas contra Yoon, mas também contra outros membros do governo. A presidente da Assembleia Nacional alterou o orçamento e liderou esforços para investigar a primeira-dama, contribuindo para o isolamento político do presidente.
Um Momento Decisivo para a Democracia
A Coreia do Sul, que se orgulha de ser uma democracia moderna após o fim da ditadura em 1987, enfrenta agora um teste significativo para suas instituições. A tentativa de decretar lei marcial foi vista como uma ameaça sem precedentes à ordem democrática do país, gerando comparações com períodos de repressão no passado.
Analistas políticos apontam que a decisão de Yoon pode ter sido uma estratégia desesperada para recuperar apoio político em meio à perda de controle no Congresso e aos escândalos em seu governo. A reação rápida e coordenada do Parlamento e da sociedade civil demonstra a resiliência das instituições democráticas sul-coreanas.
O Que Vem a Seguir
A votação da moção de impeachment determinará os próximos passos da crise política. Se aprovado, Yoon será julgado pelo Tribunal Constitucional, que terá a palavra final sobre sua permanência no cargo. Enquanto isso, a oposição continua a pressionar por investigações mais amplas contra o governo e sua liderança.
A decisão de Yoon de recuar na lei marcial pode ter evitado uma escalada maior da crise, mas também expôs sua fragilidade política e abriu caminho para um debate mais amplo sobre o futuro da governança na Coreia do Sul.
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