Fabiana Sampaio - repórter da Rádio Nacional
De acordo com o estudo, entre as mulheres negras que não possuem renda suficiente para se manter, apenas 30% buscaram assistência de saúde após vivenciarem uma situação de violência grave. Além disso, a maioria das mulheres não solicitou medidas protetivas, independentemente do nível educacional. Mesmo entre aquelas com ensino superior completo, 78% não buscaram proteção. Segundo a pesquisa, esses dados sugerem barreiras que vão além da escolaridade e da renda, estão relacionadas também ao acesso limitado a serviços de saúde e rede de proteção.
As mulheres com maior escolaridade denunciam menos do que as com menor escolaridade. Enquanto 49% das mulheres não alfabetizadas e 44% daquelas com ensino fundamental incompleto denunciaram a violência em uma delegacia, esse percentual cai para 34% entre as que possuem ensino superior.
Outros dados trazidos pelo levantamento também ressaltam como o racismo estrutural e a desigualdade econômica aumentam os riscos enfrentados por essas mulheres. Em 2022, 55% das mulheres brasileiras que sofreram algum tipo de violência notificada ao SUS eram negras. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade ainda registram que 67% das mulheres assassinadas no país eram negras.
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas que promovam independência para as mulheres negras. E avalia que embora a renda não seja um fator de proteção absoluto, a autonomia financeira pode reduzir a exposição a situações abusivas. As ações, de acordo com o estudo, devem considerar a interação de fatores como raça, gênero e classe, e ampliar o acesso aos serviços de apoio.
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