Por Lucas Machado- Abrasel
Investir em música ao vivo nos bares
pode impulsionar o sucesso de artistas iniciantes, enquanto fortalece a
experiência do cliente e cria uma atmosfera única
A relação entre os bares e o cenário
musical brasileiro é de grande proximidade. O setor de bares e restaurantes
cumpre, além do serviço de alimentação, uma função social. Ele conecta pessoas,
estabelece um ambiente para socialização, gera empregos e ainda torna o espaço
das cidades mais vivo. É um convite à expressão, à diversão e à criatividade.
Uma das maravilhas desse setor é justamente
a de criar espaço para que artistas possam se desenvolver e crescer no cenário
da música. Na canção “Nos bailes da vida”, de Milton Nascimento, o artista
afirma: “foi nos bailes da vida ou num bar, em troca de pão, que muita gente
boa pôs o pé na profissão de tocar um instrumento e de cantar”.
Isso mostra o tamanho da importância dos
estabelecimentos que investem em apresentações de música ao vivo para o apoio
da carreira de artistas. Grandes nomes como Zeca Pagodinho, Lenine e Ana
Carolina tiveram o início de suas trajetórias cantando em bares.
Para Gustavo Alves, empresário do setor,
esta é uma via de mão dupla. Ao passo que a música ao vivo confere ao
empreendimento uma atmosfera mais acolhedora, agradável e atrativa, o artista
começa a conquistar uma base de apreciadores e pode crescer e ter uma carreira
de sucesso.
“São vários exemplos de artistas que
começaram nos bares e restaurantes, é muito cultural. César Menotti e Fabiano começaram
assim. O próprio Vander Lee também. Eles são conhecidos, mas começaram nos
barzinhos de Belo Horizonte até virarem sucesso nacional”, conta Gustavo.
O empresário, proprietário do Köbes
Emporium Bar, na capital mineira, ressalta a popularidade das duplas
sertanejas, muitas das quais também percorreram o mesmo caminho.
“Eu vejo muito como os bares são
importantíssimos nessa parte, de proporcionar essa oportunidade para quem ainda
está começando ou às vezes ainda não tem grande reconhecimento”, afirma.
Esta é uma realidade que se prolonga de
norte a sul do país. Rodolphe Trindade, sócio do Pirata Bar em Fortaleza (CE),
também acredita na importância desse elo tanto para os artistas quanto para os
estabelecimentos.
Ele conta que o Pirata é um local que
enaltece desde artistas em início de carreira aos já renomados. O bar marcou a
história de artistas como Falcão e Dorgival Dantas, que ganharam projeção para
se lançarem com sucesso.
“Dorgival já se apresentava como sanfoneiro
quando passou a integrar a banda do Pirata. Depois desse período na banda, ele
seguiu carreira solo.”
Ele explica que a estrutura do
estabelecimento é de uma casa de shows, o que proporciona um perfil mais profissional
para o lançamento de artistas locais. Além de terem dado oportunidade a
diversos músicos, também receberam grandes artistas, como Cássia Eller e Adriana
Calcanhoto, que fizeram ali suas primeiras apresentações no Ceará.
Rodolphe explica que o tipo de ambiente, de
clientes e o tamanho do espaço influenciam no perfil de artistas que se
apresentam no local. “É uma situação parecida com o que acontece com jogadores
de futebol. Os que ganham um milhão são poucos, a maioria tem um cachê mais
simples. E a maioria dos artistas tem seu ganha pão por meio das apresentações
em bares”, explica.
Para ele, independentemente do perfil, a
liberdade para definir um acordo e o respeito entre os empresários e os
artistas são elementos-chave que formam a base na qual essa relação de sucesso
é construída.
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