Pelo menos 185 toneladas do mercúrio usado no garimpo brasileiro, entre os anos de 2018 e 2022, não têm sua origem conhecida. A informação é do estudo “De onde vem tanto mercúrio?”.
O levantamento realizado pelo Instituto Escolhas comparou quanto mercúrio foi necessário para produzir as 127 toneladas de ouro registradas em áreas com permissão para a lavra nesse período.
Para esse total de ouro, o Instituto estima que foram utilizados entre 165 e 254 toneladas de mercúrio. E é aí que a conta não fecha, segundo os responsáveis pelo estudo, já que o levantamento aponta que o Brasil, que não é produtor do metal, importou apenas 68,7 toneladas do produto entre 2018 e 2022. Sendo assim, o levantamento projeta que entre 96 e 185 toneladas de mercúrio que entrou no país podem ter origem ilegal.
Para Rafael Giovanelli, pesquisador e gerente de Projetos do Instituto Escolhas, existem outros reflexos negativos para além de uma legalidade comercial.
A Convenção de Minamata, assinada por vários países em 2013 e em vigor desde 2017, é um tratado global para proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos do mercúrio. Essa convenção passou a valer no Brasil em 2018, mas, até hoje, o país não apresentou seu Plano de Ação Nacional para lidar com o uso de mercúrio na extração de ouro. Em outros setores já houve avanços como relatou o gerente do instituto.
Entramos em contato com o Ibama, que é responsável pelo uso e comércio do mercúrio no país, mas não tivemos resposta até o fechamento desta reportagem.
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